quarta-feira, 17 de março de 2010

Não assino!

Ah, a solteirice! O vento na cara, sem hora para voltar para casa, todas as possibilidades escancaradas e nenhuma amarra. Nada de "essa roupa não pode" ou "com esses amigos você não pode sair". Liberdade total, mas de nada adianta a liberdade se a cabeça e o coração estão travados, isso dá problema...

Tem tantas bocas lindas dando sopa por aí e quando se resolve beijar, ninguém quer assinar um termo se obrigando a casar e ter filhos com pessoa X, quer? Não! Assinar termos é definitivamente contra os princípios dos livre-leve-e-soltos, afinal a graça toda da coisa é fazer o que der na telha.

E um termo se comprometendo a não gostar, a não se apaixonar? Muito menos! Como se assume uma coisa dessas? A gente nunca sabe por quem vai se apaixonar... Se você nunca viu a pessoa dormindo, não sabe qual é o super-herói favorito dela, se é PT ou PSDB, se ama ou abomina carnaval, se prefere praia ou campo, como, cara pálida, do alto da sua sabedoria, você vai garantir que não vai se apaixonar pela pessoa? Impossível.

Até porque coração não pensa, sente. Quer dizer, prefiro acreditar que ele sente, porque se o meu pensar é burro pra caramba, um estúpido completo. Uns se apaixonam por sorrisos, outros pelos olhos, tem quem prefira as mãos e aqueles que se encantam pelo jeito de falar. Sendo assim, se você quer que ninguém goste de você: não ria, não abra os olhos, esconda as mãos e não fale. Em resumo, tranque-se numa caixa e engula a chave.

Qual é a graça de ser livre e não poder se apaixonar por pessoas novas? Se a idéia é viver sem restrições, o risco de se apaixonar ou de alguém se apaixonar por você é eminente. Se você não consegue brincar disso é melhor nem descer para o play. Não adianta colocar uma placa "divirta-se, mas é proibido se encantar", perda de tempo e de energia.

E outra coisa, pessoas que rejeitam carinho devem ter um amor próprio gigante ou serem muito medrosas, né? Só pode. De qualquer forma, particularmente, não vejo graça em nenhum desses tipos. Quem se ama a ponto de não querer ninguém perto o suficiente para ofuscar a relação dela com ela mesma, é egoísta, frio, desinteressante e vai acabar sozinho. Quem tem medo de gostar e ser gostado, seja lá por que motivo for, é medroso por natureza e borogodó mesmo é com gente corajosa.

Quer mais coragem do que virar pra alguém e falar "tô apaixonado por você, quer ficar comigo?". Além da exposição total, ainda se corre o risco da outra pessoa soltar um sonoro NÃO. Gente desse tipo se tornam príncipes e princesas dos contos de fada que atravessam gerações. Os que pegam, mas não se apegam, podem acabar não recebendo se quer uma anotação na areia da praia.

Sofrer por amor é ruim? É. E sofrer por medo de amar? É péssimo. Sabe aquela coisa de "só se arrepender daquilo que não fez"? Leve a sério. Isso inclui beijar aquele cara errado, que fica galinhado por aí, que tem uma ex-problemática, três pit bulls e até é corinthiano, mas que faz os poucos minutos que você passa com ele valerem cada respiração que você deu na vida.

Vai bastar você se empolgar com ele para o cidadão vai sumir? Muito provavelmente. Mas, e daí? Estão cobrando taxa para curtir fossa? Gostar de quem não gosta da gente virou crime hediondo? Vai impedir que o Jornal Nacional entre no ar? Não, não e não. Então relaxa e gosta, se a pessoa não se deixar gostar problema dela. Você vai fazer a sua parte de deixar os seus sentimentos aflorarem, não se reprima (você é livre, lembra?!) e tenha certeza que tudo o que aflora, murcha um dia.

O contrário também acontece. Nem todo beijo é para se apaixonar, mas por um deles você vai suspirar, é fato. Nem todo mundo que passar pela sua vida vai deixar marcas, mas alguém vai te fazer fechar os olhos e sonhar acordado, é inevitável. Se as pessoas não puderem te encantar, quem vai perder o melhor da festa? Você, cara pálida. Cedo ou tarde tudo acaba, as pessoas se decepcionam, cada um vai para o seu lado, então ninguém precisa ficar evitando que comece, concorda? Evitar que comece é tão patético quanto tentar evitar que acabe.

Sendo assim, eu não assino nada, nem que sim e nem que não. Reservo-me aos direitos de continuar gozando da minha solteirice, fazer o que me der vontade, seguir os meus sentimentos, ser feliz da maneira que achar melhor e viver cada momento intensamente. Posso perder tudo menos o direito de sentir, sentir seja lá o que for. No final das contas vou ser só eu comigo mesma, eu com as minhas escolhas e definitivamente não quero olhar para trás e ter vergonha de não ter assumido o risco. Com certeza a melhor parte de ser livre é não ter medo de ser feliz. =D

3 comentários:

  1. Fantástico esse texto! Tanto que tive que comentar, o que não é comum pra mim.. Parabéns Pah! @mahsinger

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  2. Mas eu não entendi essa sua premissa.

    Você parte do princípio de que namorar não combina com liberdade...
    ...Mas... Eu não me lembro de ter deixado de usar uma roupa porque um namorado falou que não, nem me lembro de ter deixado de ir a algum lugar porque meu namorado não quis.

    Restrições toda a vida tem. A de solteira tbm. A de empregada tbm. A de estudante. A de cidadã. A de jornalista.

    Mas ser livre é um fardo para quem namora e para quem não namora, porque ninguém toma conta da sua vida sem o seu consentimento. Logo, no exercício da sua liberdade você pode abdicá-la.

    "Toda a forma de poder se dá por um conluio", já dizia Flora Davis lá na década de oitenta.

    Então, desejo pra você que seja livre, que seja feliz e que, ainda por cima, realize o amor, seja lá o que você entenda por isso.

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  3. Adorei seu blog! Já sou seguidora. beijão

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